Dispositivo intrauterino
Dispositivo intrauterino | |
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Um DIU antes de ser colocado no útero. | |
Informação | |
Tipo | intrauterino |
Primeiro uso | 1909-1929 |
Taxas de falha (primeiro ano) | |
Uso perfeito | 0,6% |
Uso típico | 0,8% |
Utilização | |
Duração do efeito | 5-12+ anos |
Reversibilidade | Imediata |
Notas | Verificar a posição do barbante após cada menstruação |
Intervalo clínico | Anualmente |
Vantagens e desvantagens | |
Proteção contra IST | Não |
Desvantagens na menstruação | Podem ser mais abundantes e dolorosas |
Benefícios | Não-necessidade de realizar uma ação diária. Contracepção de emergência se inserido em 5 dias |
Riscos | Pequeno risco temporário de doença inflamatória pélvica nos primeiros 20 dias após a sua inserção |
Um dispositivo intrauterino (DIU), também conhecido como dispositivo contraceptivo intrauterino (DCI), é um pequeno dispositivo contraceptivo, geralmente em formato de T, que é inserido no útero para prevenir a gravidez. O DIU é um método contraceptivo reversível e de longa duração.[1]
Os DIUs de cobre têm uma taxa de falha de cerca de 0,8% no primeiro ano. Já os DIUs hormonais com levonorgestrel têm uma taxa de falha de 0,2% no primeiro ano.[2] Comparativamente, a esterilização masculina e o preservativo masculino têm uma taxa de falha de 0,15% e 15%, respectivamente.[3]
Os DIUs são seguros e eficazes também durante a adolescência e em mulheres que nunca tiveram filhos.[4][5] Assim que um DIU é removido, mesmo após utilização prolongada, a fertilidade regressa rapidamente ao normal.[6]
Entre todos os métodos contraceptivos, os DIUs e os implantes contraceptivos são os que apresentam maior satisfação entre os utilizadores.[4] Os DIUs de cobre podem ainda ser usados como contracepção de emergência no prazo de cinco dias após uma relação sexual desprotegida.[7]
História do DIU
[editar | editar código-fonte]Antiguidade (400 a. C.)
[editar | editar código-fonte]Considera-se Hipócrates (século IV a. C.) o precursor do dispositivo intrauterino, uma vez que ele descobriu o efeito anticoncepcional derivado da colocação de um corpo estranho no interior do útero de alguns animais. Conta-se que eram inseridos objetos no útero das mulheres por meio de um tubo de chumbo.[8]
1909
[editar | editar código-fonte]O primeiro DIU foi desenvolvido em 1909 pelo médico alemão Richard Richter, de Waldenburg. O seu dispositivo era feito de tripa de bicho-da-seda e não foi amplamente utilizado.[9] Ao contrário dos dispositivos intrauterinos modernos, os primeiros dispositivos interuterinos (do latim inter-, que significa "entre", em oposição a intra-) atravessavam tanto a vagina quanto o útero, causando uma alta taxa de doença inflamatória pélvica.
1929
[editar | editar código-fonte]O médico alemão Ernst Gräfenberg (que dá nome ao ponto G) criou o primeiro DIU de anel. O anel de Gräfenberg, como foi chamado, era feito de filamentos de prata. Porém, a substituição dos pessários teve dificuldade em convencer os ginecologistas da época.[9] Seu trabalho foi reprimido durante o regime nazista, quando a contracepção era considerada uma ameaça às mulheres arianas. Ele se mudou para os Estados Unidos, onde seus colegas H. Hall e M. Stone retomaram seu trabalho após sua morte e criaram o Anel Hall-Stone de aço inoxidável.
1959
[editar | editar código-fonte]Duas comunicações sobre bons resultados obtidos em Israel e no Japão reacenderam o interesse pelo DIU enquanto método contraceptivo. Em Israel, um estudo comparou a eficácia de um anel de prata e de um anel de crina de cavalo. Já no Japão, o médico Tenrei Ota também desenvolveu um DIU de prata ou ouro, chamado anel Precea (traduzido como anel de pressão) ou anel Ōta.
1960
[editar | editar código-fonte]O obstetra Lazar C. Margulies projetou um DIU de plástico, utilizando termoplásticos, em formato de espiral.[10] Sua inovação permitiu a inserção do DIU no útero sem a necessidade de dilatar o cérvix.[11]
1962
[editar | editar código-fonte]Em 1962, Jack Lippes deu a ele um formato de S duplo e adicionou dois fios de náilon para facilitar a remoção. Seu DIU Lippes Loop, com formato trapezoidal, tornou-se um dos DIUs de primeira geração mais populares. Lippes ajudou a iniciar o aumento do uso de DIU nos Estados Unidos.
Décadas de 1960 e 1970
[editar | editar código-fonte]A invenção do DIU de cobre na década de 1960 trouxe consigo o design em forma de "T" maiúsculo usado pela maioria dos DIUs modernos. O médico americano Howard Tatum determinou que o formato em "T" se adaptaria melhor ao formato do útero, que forma um "T" quando contraído. Ele previu que isso reduziria as taxas de expulsão do DIU.[8] Juntos, Tatum e o médico chileno Jaime Zipper descobriram que o cobre poderia ser um espermicida eficaz e desenvolveram o primeiro DIU de cobre, o TCu200. Os aprimoramentos de Tatum levaram à criação do TCu380A (ParaGard), que é atualmente o DIU de cobre preferido.
O DIU hormonal também foi inventado nas décadas de 1960 e 1970. Inicialmente, o objetivo era atenuar o aumento da menstruação vaginal associado aos DIUs de cobre e aos DIUs inertes. O primeiro modelo, Progestasert, foi concebido por Antonio Scommegna e criado por Tapani J. V. Luukkainen, mas o dispositivo durou apenas um ano de uso.[12] Um DIU hormonal comercial atualmente disponível, o Mirena, também foi desenvolvido por Luukkainen e lançado em 1976.[9] A fabricante do Mirena, a Bayer AG, tornou-se alvo de vários processos judiciais por alegações de que a Bayer não alertou adequadamente as usuárias sobre a possibilidade de o DIU perfurar o útero e migrar para outras partes do corpo.[13]
Além disso, nas décadas de 1960 e 1970, muitos DIUs de plástico com formatos diferentes foram inventados e comercializados.[9] Entre eles, estava o Dalkon Shield, cujo design inadequado causou infecção bacteriana e levou a mortes indiretas e milhares de processos judiciais. O caso do Dalkon Shield foi julgado na década de 1970, o que interrompeu temporariamente seu uso. Embora o Dalkon Shield tenha sido retirado do mercado, ele teve um impacto negativo duradouro no uso e na reputação do DIU nos Estados Unidos.[14] Os DIUs modernos são mais seguros e as complicações são raras.
Referências
- ↑ Winner, B; Peipert, JF; Zhao, Q; Buckel, C; Madden, T; Allsworth, JE; Secura, GM. (2012). «Effectiveness of Long-Acting Reversible Contraception». New England Journal of Medicine. 366 (21): 1998–2007. PMID 22621627. doi:10.1056/NEJMoa1110855
- ↑ Hurt, K. Joseph (eds.); et al. (28 de março de 2012). The Johns Hopkins manual of gynecology and obstetrics. 4th ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams & Wilkins. p. 232. ISBN 978-1-60547-433-5
- ↑ «Contraception Editorial January 2008: Reducing Unintended Pregnancy in the United States». www.arhp.org. Janeiro de 2008. Consultado em 14 de março de 2018
- ↑ a b Committee on Adolescent Health Care Long-Acting Reversible Contraception Working Group, The American College of Obstetricians and, Gynecologists (outubro de 2012). «Committee opinion no. 539: adolescents and long-acting reversible contraception: implants and intrauterine devices.». Obstetrics and gynecology. 120 (4): 983–8. PMID 22996129. doi:10.1097/AOG.0b013e3182723b7d
- ↑ Black, K; Lotke, P.; Buhling, K.J.; Zite, N.B. (outubro de 2012). «A review of barriers and myths preventing the more widespread use of intrauterine contraception in nulliparous women». The European Journal of Contraception & Reproductive Health Care. 17 (5): 340–50. PMC 4950459
. PMID 22834648. doi:10.3109/13625187.2012.700744
- ↑ Hurd, [edited by] Tommaso Falcone, William W. (2007). Clinical reproductive medicine and surgery. Philadelphia: Mosby. p. 409. ISBN 9780323033091
- ↑ «Emergency Contraception - ACOG». www.acog.org. Consultado em 26 de março de 2018
- ↑ «Breve História da Contracepção»
- ↑ a b c d Thiery M (March 1997). "Pioneers of the intrauterine device" (PDF). The European Journal of Contraception & Reproductive Health Care. 2 (1): 15–23. doi:10.1080/13625189709049930. PMID 9678105. Archived from the original (PDF) on 20 August 2006.
- ↑ Thiery, M. (1 de janeiro de 1997). «Pioneers of the intrauterine device». The European Journal of Contraception & Reproductive Health Care (1): 15–23. ISSN 1362-5187. PMID 9678105. doi:10.1080/13625189709049930. Consultado em 25 de abril de 2025
- ↑ Reed, James (2014). Birth Control Movement and American Society: From Private Vice to Public Virtue. Col: Princeton Legacy Library. s.l: Princeton University Press. Consultado em 25 de abril de 2025
- ↑ Thiery, Michel (1 de junho de 2000). «Intrauterine contraception: from silver ring to intrauterine contraceptive implant». European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproductive Biology (em English) (2): 145–152. ISSN 0301-2115. PMID 10825633. doi:10.1016/S0301-2115(00)00262-1. Consultado em 25 de abril de 2025
- ↑ https://legal.thomsonreuters.com/en/products/westlaw-today Em falta ou vazio
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(ajuda) - ↑ Thiery, Michel (1 de junho de 2000). «Intrauterine contraception: from silver ring to intrauterine contraceptive implant». European Journal of Obstetrics and Gynecology and Reproductive Biology (em English) (2): 145–152. ISSN 0301-2115. PMID 10825633. doi:10.1016/S0301-2115(00)00262-1. Consultado em 25 de abril de 2025